A Virada Rumo à Tradição
A comunidade de D. Gérard tinha ainda pouco mais de três membros quando, providencialmente, estes vieram a conhecer D. Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X e do Seminário de Écône, na Suíça, de quem receberam logo incentivo e preciosa ajuda. Era, portanto, a primeira fundação beneditina que se ligava à nascente FSSPX e da qual, após 1988, só restaria outra no mundo, até que novas fundações se realizassem: o Mosteiro da Santa Cruz. Rapidamente, com inúmeras vocações, vindas sobretudo dos meios tradicionalistas franceses, o mosteiro de Bédoin pôde se desenvolver e começar até mesmo sua construção definitiva, já que o antigo mosteiro abrigava-se em uma estrutura medieval que não mais seria proporcional ao afluxo de vocações e à vida contemplativa requerida pelo monastério. Desta vez, D. Gérard escolheu a localidade chamada Le Barroux, no sul da França. A chegada de doações e a cooperação de inúmeras famílias e oblatos foi fundamental para que este passo fosse tomado, assim como refletiu-se nos outros que viriam.
Com o gradual crescimento do Mosteiro do Barroux, Dom Gérard decide fazer uma nova fundação fora da Europa e resolve fazê-la no Brasil não só pelos laços de amizade que aqui conservara como também pela presença de dois brasileiros em sua comunidade, que poderiam proporcionar o impulso inicial para a tradição beneditina no Brasil com maior segurança. Dentre os primeiros brasileiros que chegaram ao Mosteiro de Bédoin, contava-se Dom Tomás de Aquino, jovem que por indicação de Gustavo Corção havia buscado a casa religiosa francesa a fim de discernir se seu futuro seria a vocação monástica. E foi D. Tomás o escolhido para supervisionar e coordenar a instalação da nova casa beneditina filha do Barroux.
O Mosteiro, ao longo de seus mais de trinta anos, com grandes dificuldades mas com não menos coragem e determinação, mantém em terras brasileiras sua sede, originando-se dela o Mosteiro de Notre-Dame de Bellaigue, na França, que por sua vez viria a gestar outra fundação, denominada Mosteiro de Reichenstein. Desde sua criação enviou para todo o Brasil missões e monges a fim de disseminar o bom catolicismo, bem como localmente impactou toda a região onde está instalado através de todas as ações implementadas: apicultura, meliponicultura, fabrico de velas, psicultura, plantações comerciais, instituição escolar, jornais, editora, livraria, artesanatos e etc. Este protagonismo tradicionalista no Brasil, em consonância com os trabalhos a Diocese de Campos sob a administração de Dom Castro Mayer e Dom Licínio Rangel, mantêm-se até hoje, fazendo-o referência internacional de fidelidade ao espírito monástico beneditino.