O Fundador: Padre Jahir Britto
Padre Jahir Britto de Souza nasceu em Salvador e formou-se sacerdote num período em que a Igreja no Brasil atravessava rápidas transformações após o Concílio Vaticano II. Em 1969, movido pelo desejo de preservar a integridade da fé diante do ambiente de incerteza doutrinária, reuniu um professor e alguns jovens católicos empenhados no estudo e na oração, dando origem à Família Beatae Mariae Virginis. A comunidade, inicialmente um pequeno círculo de aprofundamento catequético, logo evoluiu para a vida comum e, após breve instabilidade, fixou-se definitivamente em 1974 na zona rural de Candeias. Ali, sob sua orientação, estruturou-se uma forma de vida monástica simples, marcada pelo trabalho agrícola, pela oração comunitária e por um voto particular de Estabilidade — entendido como adesão firme e tranquila à fé católica em todas as suas consequências pessoais e sociais.
Nos anos seguintes, o impacto da reforma litúrgica levou o grupo a adotar temporariamente o Novus Ordo, o que contribuiu para o enfraquecimento da comunidade.
Porém, em 1997, ao recuperar a Missa tradicional e aproximar-se do movimento tradicionalista mundial, o padre Jahir conduziu os Marianos a uma reorganização profunda. A vida espiritual passou a girar em torno do Breviário romano rezado integralmente em comum, da celebração diária da Missa tridentina e do Rosário, que ele defendia como expressão vital da ligação da comunidade com a Virgem Maria. Sua teologia mariana, centrada no papel único da Mãe de Deus na união inseparável entre humanidade e divindade em Cristo, guiou toda a espiritualidade da F.B.M.V., da devoção ao apostolado discreto que acolhe fiéis em busca de orientação, confissão e catequese.
Quando, após sua adesão ao movimento tradicionalista, submeteu as Regras da comunidade ao exame dos bispos da Fraternidade São Pio X, estas foram aprovadas sem reservas quanto à doutrina, e D. Tissier de Mallerais destacou sua pertinência para o tempo presente. A vida e a missão do padre Jahir permanecem ligadas à convicção de que, por meio da Estabilidade e da intercessão da Virgem, a fé pode ser preservada e transmitida mesmo em épocas de confusão, fazendo de sua comunidade um pequeno sinal de continuidade no coração da Igreja.