Lema da Ordem:
“Pax et Bonum”

Sobre os Capuchinhos

Ao longo de sua história, a árvore franciscana dividiu-se em vários ramos. Com o passar do tempo, percebia-se um certo arrefecimento do fervor primitivo, e a Regra de São Francisco já não era observada com a mesma exatidão (em razão das concessões e dispensas obtidas da Santa Sé). Assim, de tempos em tempos, religiosos mais zelosos buscavam retornar a uma observância mais generosa; vários seguiam seu exemplo, o que dava origem a um “novo ramo”, sempre com a aprovação da Santa Sé. Foi o que aconteceu em 1525, quando alguns Franciscanos (Mateus de Bascio, Luís de Fossombrone, etc.) começaram a levar uma vida mais austera, insistindo particularmente na pobreza e na contemplação, sem, no entanto, abandonar a pregação. Foram chamados oficialmente de “Frades Menores da vida eremítica”, mas o nome de “Capuchinhos”, dado pelo povo por causa do longo capuz pontudo que usavam, não tardou a prevalecer.

Como você compreendeu, os Capuchinhos são, portanto, Franciscanos reformados, que procuram observar a Regra de São Francisco com uma particular fervor. Espalharam-se por toda a Europa e, pouco a pouco, pelos quatro cantos do mundo, pregando missões e multiplicando as boas obras por onde passam. Um ramo da Ordem de Santa Clara seguiu seu exemplo: são as Clarissas Capuchinhas, que levam uma vida puramente contemplativa, sem a missão de pregar. Entre os Capuchinhos e as Capuchinhas, conta-se um número apreciável de santos e bem-aventurados.

O Convento São Francisco e demais

O Convento de São Francisco, em Morgon (ao norte de Lyon), é a casa-mãe dos Capuchinhos de observância tradicional. Fundado em 1972 pelo Pe. Eugène de Villeurbanne, tornou-se o coração de uma comunidade que permanece fiel à Regra de São Francisco e às Constituições capuchinhas autênticas, rejeitando as reformas pós-conciliares. Em Morgon, vários religiosos vivem uma vida de pobreza, contemplação e penitência, unindo oração litúrgica tradicional, trabalho manual e apostolado, e fazendo do convento um centro de preservação da vida franciscana e da fidelidade à Tradição da Igreja.

Hoje, os Capuchinhos de observância tradicional contam com três conventos na França: a casa-mãe em Morgon (ao norte de Lyon), o noviciado em Aurenque (Gers) e uma fundação em Pontchardon (próximo a Blois). A comunidade reúne cerca de quarenta frades, que procuram viver autenticamente o espírito capuchinho — marcado pela pobreza, contemplação e pregação — e que se dedicam a atender às necessidades espirituais dos fiéis por meio da Missa, dos sacramentos e da direção espiritual.

O Fundador: Padre Eugène de Villeurbanne

Os Capuchinhos de Morgon foram fundados em 1972 pelo Pe. Eugène de Villeurbanne (1904-1990), religioso francês da província de Lyon, grande pregador de missões e retiros, além de missionário na África Central. Seu propósito era assegurar que uma comunidade de observância tradicional permanecesse fiel às autênticas Constituições dos Capuchinhos.

Em 1968, após o Concílio Vaticano II, um Capítulo Geral da Ordem Capuchinha em Roma decidiu abandonar as Constituições tradicionais, substituindo-as por outras de espírito diverso. O Pe. Eugène recusou-se a seguir esse movimento de ruptura. Permaneceu fiel ao hábito, à Regra e às Constituições que havia professado, e continuou a celebrar a Missa tradicional, mesmo diante de perseguições. Sua fidelidade atraiu novas vocações, e assim a obra foi se consolidando ao longo dos anos.

A partir de 1986 entregou a direção da comunidade a um jovem sacerdote ordenado por Dom Lefebvre. Enfraquecido pela idade, faleceu em 1990. Permanece a imagem de um missionário incansável, pregador da fé católica em sua integridade: a existência de Deus, o pecado original, a vida virtuosa, a oração, a Eucaristia e a santidade do sacerdócio. Sua vida foi, por si só, uma pregação: um testemunho de fidelidade inquebrantável ao Evangelho, proclamando contra toda mundanidade o “dinamismo do amor de Jesus Cristo”.

A fidelidade à Tradição Católica!

Pe. Eugène de Villeurbanne se encontra com Dom Marcel Lefebvre

Muito próximo de Dom Lefebvre, pediu-lhe que formasse e ordenasse seus futuros padres. Assim, o arcebispo conferiu o sacerdócio a quatro deles entre 1982 e 1986, após tê-los formado em Écône. Dedicado à oração, afastado do mundo, irradiando caridade, o Padre Eugène preocupou-se, até sua morte em 1990, em perpetuar o espírito do Pobrezinho de Assis, durante o árido período do aggiornamento, em que alguns clérigos, corroídos pelo ativismo e pelo desprezo de toda a tradição, haviam transformado o campo religioso em espaço de ação política e viam no próximo um inimigo extremista a desprezar e combater.

Dom Marcel Lefebvre se encontra com Padre Pio, OFM Cap. (27 de março de 1967, San Giovanni Rotondo)

Em 1967, Dom Marcel Lefebvre encontrou Padre Pio em San Giovanni Rotondo e pediu sua bênção, mas o capuchinho respondeu que era Lefebvre quem devia abençoá-lo. Apesar de trajetórias diferentes, ambos sofreram perseguições dentro da própria Igreja: Padre Pio por invejas pessoais, aceitando-as com obediência; Lefebvre por defender a Missa tradicional e recusar os erros do Concílio, resistindo por fidelidade à fé. Unidos pela mesma visão do Santo Sacrifício, testemunharam o papel central do sacerdote na obra da Redenção.

A Vida Capuchinha

A vida capuchinha é marcada por uma fidelidade radical à Regra de São Francisco, vivida “sem glosa”, isto é, em sua simplicidade literal. O dia começa ainda de madrugada, com o Ofício Divino e a oração mental, a que se seguem longos momentos de meditação silenciosa, leitura espiritual e a celebração da Santa Missa. Ao longo do dia, os frades se dedicam a duas horas fixas de oração mental, recitam em comum o breviário e mantêm práticas penitenciais regulares, como jejuns em diversos períodos do ano e o uso da disciplina. Tudo se ordena a uma vida de pobreza rigorosa, sem nada de próprio, imitando de modo mais perfeito o Cristo pobre e crucificado.

A vida comunitária se apoia na austeridade e na caridade fraterna. O silêncio, as tarefas comuns e a partilha da vida simples unem os frades em torno do espírito franciscano, ao mesmo tempo contemplativo e apostólico. Os Capuchinhos são chamados não só à vida de oração e penitência, mas também à pregação popular e à confissão, exercendo um apostolado direto com as almas. Cada gesto, cada renúncia, cada rigor de pobreza é entendido como meio de evangelização, testemunho vivo da presença de Deus e convite à conversão.

Dessa forma, oração, penitência, fraternidade e pregação se entrelaçam no cotidiano capuchinho. A vida ascética, profundamente marcada pelo desapego e pelo espírito de sacrifício, não é fim em si mesma, mas sinal visível de uma consagração total a Cristo e à Igreja. Assim os Capuchinhos, herdeiros da reforma franciscana do século XVI, perseveram como testemunhas da alegria austera do Evangelho e da radicalidade da vida religiosa.

Como chegar?

Viver o Evangelho em pobreza e oração: A vocação capuchinha é um chamado a seguir Cristo pobre e crucificado, na simplicidade do hábito, na oração constante e na pregação que toca os corações. É vida de fraternidade austera, marcada pela penitência e pela confiança na Providência, onde cada gesto testemunha a alegria do Evangelho vivido em sua forma mais radical.

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